A frutose das frutas pode ser prejudicial para o fígado?
Camila Reghin Lopes
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A frutose das frutas pode ser prejudicial para o fígado?
Camila Reghin Lopes
05/11/2025 - 3 min. leitura


Você provavelmente já ouviu alguém dizer que “frutose é açúcar” e, portanto, “faz mal pro fígado”.
Esse tipo de frase costuma deixar as pessoas em dúvida: afinal, será que comer frutas pode ser ruim pra saúde?
Essa confusão é comum e compreensível. Mas, como quase tudo na nutrição, a resposta depende do contexto. No artigo de hoje, quero te explicar de forma clara o que realmente acontece com a frutose no nosso corpo e quando ela pode, sim, se tornar um problema.
O que é a frutose, afinal?
A frutose é um tipo de açúcar natural presente nas frutas, no mel e em alguns vegetais. Ela é uma fonte de energia, como a glicose, mas o seu metabolismo é um pouco diferente.
Enquanto a glicose pode ser usada diretamente por praticamente todas as células do corpo, a frutose é metabolizada quase exclusivamente pelo fígado. E é justamente aí que nasce a confusão: as pessoas ouvem “fígado” e já pensam em gordura no fígado, toxinas e doenças.
De fato, independente de onde vier a frutose (fruta ou industrializados), no final das contas ela será metabolizada da mesma forma. Quero dizer que apesar da frutose das frutas vir acompanhada de vitaminas, minerais, antioxidantes e fibras, isso não faz diferença alguma quando analisamos a sua metabolização: 100% da frutose consumida será direcionada para o fígado e será metabolizada por ele.
Porém, a grande questão aqui é que para que a frutose tenha potencial de prejudicar o fígado, o seu consumo precisa ultrapassar em torno de 60 a 90g diárias. Você tem noção o que é isso quando pensamos em frutas? Creio que não, portanto vou te dar alguns exemplos considerando ~60g de frutose:
1kg de banana (~12 bananas)
1kg de maçã (~10 maçãs)
1,3kg de laranja (~12 laranjas)
Entendeu que o problema não está nas frutas? Dificilmente alguém vai comer essa quantidade absurda de fruta.
O que realmente sobrecarrega o fígado é o consumo frequente de refrigerantes, sucos industrializados, doces e ultraprocessados, que concentram uma quantidade muito maior de frutose e calorias. Pra você ficar atento:
o açúcar cristal é 50% composto por frutose. Em 10g de açúcar, aproximadamente 5g é frutose.
O xarope de milho também é riquíssimo em frutose.
As frutas não são o problema. Na verdade são parte da solução!
O consumo regular de frutas é considerado fator protetivo para doenças hepáticas. Elas são fontes de fibras que auxiliam na saciedade, reduzem picos glicêmicos e melhoram o funcionamento intestinal. Além disso, fornecem antioxidantes que protegem o fígado do estresse oxidativo.
O problema não é o açúcar natural das frutas, mas o excesso de açúcar somado ao sedentarismo e à má alimentação.
Em outras palavras: a mesma frutose que, isolada e em excesso, poderia ser prejudicial, quando vem dentro de uma fruta vem acompanhada de uma série de nutrientes que fazem exatamente o oposto: protegem o fígado, equilibram o metabolismo e favorecem a saúde geral.
Portanto, longe de serem vilãs, as frutas são aliadas poderosas pra quem quer cuidar do fígado, da composição corporal e da saúde como um todo.
Então, antes de pensar em cortar frutas, o foco deve ser outro: reduzir o consumo de açúcares adicionados, melhorar a qualidade da alimentação e manter o corpo ativo.
No fim das contas, o que faz mal ao fígado não é a fruta, é o excesso — de tudo.
E o equilíbrio é o que mantém o corpo funcionando como ele deve: com saúde, leveza e bom senso.
